Inflação
Preço do leite dispara nas prateleiras
Produto é comercializado na cidade por cerca de R$ 4,00; em relação ao mesmo período do ano passado, variação chega a 43,19%
Jô Folha -
Depois do arroz e do feijão, o leite entrou para a lista dos produtos que enfrentaram aumentos significativos recentemente. Nas prateleiras dos supermercados, os valores próximos a R$ 4,00 preocupam e pesam no bolso dos consumidores já apertados pelo cenário de inflação. Ainda em alta, a previsão do setor é de que o item volte a estabilizar somente depois de agosto.
Até lá, o jeito, na hora de realizar as compras, é buscar maneiras de se adaptar à nova realidade dos preços. O estudante Paulo Bauer conta que apesar não consumir em grandes quantidades o produto na sua casa, o leite está sempre presente e tem seu espaço no carrinho. No entanto, ao se deparar com preços que variam entre R$ 3,59 e R$ 3,95, tem optado pelo leite em pó, que para a rotina alimentar da sua família acaba tendo um rendimento melhor. “Agora a gente chega no mercado e só pode comprar o básico de verdade, está cada vez mais apertado.” Já a aposentada Neusa Ramos acredita que frente ao aumento de produtos básicos como o leite, é necessário pagar o valor e, claro, acabar cortando outros produtos que fogem a este caráter. “Tem que pagar, né? Mas pesa. O leite desnatado, o que eu consumo, tá R$ 4,19. Um absurdo. Mas a gente tenta encontrar o mais barato e levar”, diz.
Apesar das consequências para o orçamento familiar, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), Alexandre Guerra, alerta que este aumento é uma reação do mercado para tentar reequilibrar o setor e fortalecer o produtor. Segundo Guerra, este é um dos pontos responsáveis pela disparada no preço do item. A produção gaúcha de leite foi 6% menor do que no ano passado, devido ao aumento do custo do processo produtivo. Somados a isto, fatores climáticos que travaram as pastagens e a desistência de diversos produtores de investirem no setor estão entre os responsáveis pelo preço final do leite. “Está pesado sim, mas o produtor já está prejudicado. É necessário que se cobre mais, para que se repasse mais e ele tenha condições de se recuperar.”
Na visão do chefe do escritório da Emater/RS-Ascar em Pelotas, Francisco Arruda, há um grande desestímulo na atividade e muitos produtores estão migrando para a soja e o fumo, devido às facilidades que o cultivo de grãos possui com relação ao leite. Arruda alerta que o declínio de produção é comum nesta época do ano, período de entressafra, mas que com a combinação destes fatores acabou se tornando ainda mais problemática e deve levar alguns meses para se recuperar.
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